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Orquestra da Emissora Nacional (Joly Braga Santos) - Fandango da Suite Alentejana (Freitas Branco)

Orquestra da Emissora Nacional (Joly Braga Santos) - Fandango da Suite Alentejana (Freitas Branco) Esta gravação data de 8 de Janeiro de 1965, foi efectuada no Teatro Tivoli, e foi-me gentilmente cedida pelo Arquivo Sonoro da Radiodifusão Portuguesa, através da Rádio e Televisão de Portugal, estando à mesma todos os direitos reservados.
Aqui, escutamos o final de um concerto realizado pela Orquestra Sinfónica da Emissora Nacional, dirigida pelo maestro Joly Braga Santos, que foi totalmente preenchido por obras sinfónicas de Luiz de Freitas Branco, que foram, exactamente, o poema sinfónico “Vathek” e a “Suite Alentejana Nº 1”, da qual escutamos a última parte, o “Fandango”.
A título de curiosidade, segundo as grelhas de programação cedidas pelo Diário de Lisboa, apesar de estar gravado e inserido nos Arquivos da Rádio e Televisão de Portugal, este concerto nunca foi transmitido, e certamente, terá sido por ordem da Censura.
Luís de Freitas Branco devotava uma predilecção especial pelo Alentejo, que considerava “a sua terra de eleição”, passando largas temporadas na sua herdade em Reguengos de Monsaraz.
Por isso, a cultura e o folclore daquela região estão muito presentes na sua vida, e consequentemente, em toda a sua obra. Espelho disso são as duas Suites Alentejanas para Orquestra Sinfónica, escritas em 1919 e 1927, respectivamente, nas quais Freitas Branco utiliza temas do folclore alentejano. Temas que, como refere Nuno Barreiros numas notas de programa para o concerto a 18 de Janeiro de 1986, foram em grande parte “recolhidos ou ouvidos in loco pelo próprio compositor”.
O Fandango da Suite Alentejana é, provavelmente, o trecho mais conhecido de Luís de Freitas Branco, sendo frequentemente interpretado como peça isolada ou como “encore”, ou seja, elemento de programas extra de concerto. A Suite n.º 1 foi estreada pela Orquestra Sinfónica de Lisboa, dirigida por Vianna da Motta, no Teatro Politeama, a 8 de Fevereiro de 1920, no Teatro Politeama, num concerto intitulado “Festival da Música Portuguesa”.
Freitas Branco escreveu para uma formação orquestral constituída por 3 flautas, 2 oboés, corne inglês, 2 clarinetes, clarinete baixo, 2 fagotes, 4 trompas, 3 trompetes, 3 trombones, tuba, timbales, bombo, pratos, caixa, triângulo, castanholas (4 percussionistas) e harpa, para além das cordas.
De acordo com a Enciclopédia da Música em Portugal no séc. XX, o Fandango é uma dança de pares, que surge em diversas regiões da Península Ibérica pelo menos desde o séc. XVIII. É uma dança rápida, de métrica binária com subdivisão ternária (6/8), com um padrão rítmico típico.
Luiz de Freitas Branco incorpora todas essas características no andamento final da sua Suite Alentejana n.º 1 ao criar uma peça viva e alegre, onde abundam os jogos de timbres entre os diferentes naipes da orquestra.
O padrão rítmico atravessa todo o Fandango e é o protagonista da intervenção do solo violinista. A abordagem formal tripartida da peça (A-B-A) permite observar um interessante momento de recolhimento e de reflexão na secção central, no qual o timbre nasalado do corne inglês introduz uma belíssima melodia, que é repetida pelas trompas, antes de dar origem a um coral grandioso interpretado por toda a orquestra.
A exuberância e o vigor da secção A regressam para encerrar o Fandango com brilhantismo, que se nota nesta direcção de Joly Braga Santos, à frente da Orquestra Sinfónica da Emissora Nacional, seguida de uma bem merecida saraivada de aplausos.
Espero que gostem.

Branco)

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